segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Cooperação .Chique

Olá .Chique para todos os leitores. Eu, Fifi, tenho muitas novidades para partilhar convosco, leitores fiéis e que sempre nos visitam em busca de novas postagens. Neste post, vão rir, vão divertir-se, e vão sofrer connosco. Preparem-se, pois foi preciso uma cooperação entre as três amigas mais .Chiques (eu, Fafa e Bá, para quem não vive neste planeta) para que vários segredos descobertos (a Sílvia também ajudou, como vão ver).

Quinta-feira, estávamos as três no nosso habitual chá das cinco a conversar sobre os .Chiques e os Un-.Chiques de Cascais, quando a Fafa se vira para nós, bebendo um copo de vinho do Porto:
- Acho que o meu marido me anda a trair.
- Como se isso te importasse muito...! - disse eu, rindo-me.
- Realmente - concordou a Bá. - Mas o que te leva a pensar isso?
- Meninas, é assim. EU posso trair. Eu. Agora se eu sei que o meretriz do meu marido me trai, a coisa é outra. E estas suspeitas já me andam a chatear há umas semanas. Chega atrasado do trabalho, bêbado. Isto quando vem dormir a casa, porque às vezes nem vem.
- Credo! - disse eu.
- Pois. Preciso da vossa ajuda.
- Conta! - disse a Bá, e a Fafa começou a relatar-nos o plano dela, que consistia no seguinte: irmos, na noite de Sexta-feira, com ela para espiarmos o seu marido e sabermos o que realmente se estava a passar. Só que havia um problema:

- Mas o meu marido chega amanhã de Moçambique e eu queria preparar-lhe uma surpresa. - disse a Bá. - Ele foi fazer uma missão para lá, ou não se lembram...?

Começámos as três a pensar no assunto. Além disso, havia outra coisa: o Veterinário continuava a telefonar-me, querendo marcar um encontro. Eu, claro, tentava adiar, mas ele insistira e acabámos por marcar um jantar para Sexta-feira. Eu estava, como imaginam, aterrada pois a ideia de trair o meu marido, o Viti, assusta-me imenso. Precisava também da ajuda delas, mas pareciam tão ocupadas e a precisar da minha ajuda, que eu não sabia como pedir. É então que, depois de quase uma hora a discutirmos, a Fafa se lembra:

- Parem. Fazemos assim, ouçam: Tu, Bá, pedes à cadela da Sílvia para ir preparando o ambiente, fazer um jantar, tu sabes. Ela está aqui a dormir, também não lhe custa nada. E tu, Fifi, não precisas de desmarcar o jantar. Eu vou na tua vez, no fim da noite ele vai estar tão interessado em mim que já não te chateia mais.
- Credo...
- E como é que isso ia ser? O António chega à meia-noite... - disse a Bá. - Tenho que estar aqui antes!
- Dah. O meu marido sai do trabalho às 9:30 da noite. O jantar da Fifi é às 8. Vocês ficam na tua casa, Bá, a fazer os preparativos para a chegada do António e, lá para as 9 e pouco vão buscar-me ao restaurante e vamos as três para a empresa. Depois de vermos o que o meu marido anda a fazer, acho que ainda te conseguimos deixar em casa antes da meia-noite, Bá. - Disse a Fafa.
- Fashion! - alinhámos as duas.

No dia seguinte, eu estava nervosa. O Viti saíra de manhã cedo de casa, ainda zangado comigo pela cena doutro dia. Acordei, contudo, e levantei-me .Chiquemente com energia. Sabia que ia ser um dia longo, tinha de me preparar. E que melhor forma do que levar o meu cão a passear? Pois, enganam-se, há outra: tomar um duche quente. E assim entrei na banheira cheia de espuma, falando com a Bá pelo telefone:

- Sim, Fi, mas a que horas vens?!
- Não te preocupes. Devo estar aí lá para as seis.
- Isso é muito tarde...!
- Okay, cinco e quarenta e cinco.
- Combinado.

Quando cheguei lá, a tarde estava já a acabar. Estávamos as três na cozinha, eu e a Bá a preparar um perú e a Fafa a comer cereais com sumo de laranja natural, quando vemos a Sílvia irromper pela porta das traseiras.

- Kunichiwa!
- Oi cadela.
- Sílvia, anda aqui. - disse a Bá, e ela veio. - Preciso que me vigies este perú, está bem? Vou pô-lo no forno e preciso que alguém fique aqui a ver enquanto que nós vamos sair.
- Eu? - berrou ela. - Mas eu tenho um encontro, hoje, com o Rui!!
- Rui? Quem é o Rui? - perguntei eu, curiosa como sempre.
- Adias, ou levas nessa melancia asiática a que chamas cabeça. - disse a Fafa, e ela não teve outra alternativa se não ficar ali (pensávamos nós).

Meia-hora mais tarde, estávamos as três no shopping a fazer compras. Aliás, a Fafa estava a fazer compras, nós apenas dávamos sugestões, como sempre acontecia: todas as semanas, ela tinha um encontro, e lá íamos nós ajudá-la em relação ao que vestir.

- Ai, vocês são tão certinhas! Isto é tão anos 50. - disse ela. - Vou levar aquele. - continuou, apontando para um vestido preto brilhante.
- Que horror... - disse a Bá.
- Que foi? - perguntou ela, vestindo-se em frente da loja toda.
- Olha, Fá, pareces uma prostituta.
- Concordo, Fi! - disse a Bá.
- Okay, então ajudem-me. - disse ela, e lá ficámos até às 7.45 a escolher um vestido.

À última da hora, lá saímos do shopping. A Fafa estava já vestida para ir de encontro ao veterinário.

- Acelerem, antes que a minha .Chiquesa de maquilhagem borrate! - gritou, e fomos até ao restaurante "Flores Brancas, Gravata Azul", onde o Veterinário me esperava, supostamente.

- Vão ver o perú, eu trato do assunto. Aquele Veterinário vai sair daquele restaurante a aprender umas lições de anatomia! - disse a Fafa, saindo do carro, e nós rimo-nos.
- Já sabes o combinado: eu adoeci, não pude vir. E tu decidiste vir em meu lugar, por educação. - lembrei eu.
- Fi, traio o meu marido há quase duas décadas, achas que preciso que me lembres disso?

Eu e a Bá voltámos então para a casa dela, onde íamos ficar a fazer mais algumas coisas até irmos buscar a Fafa ao restaurante. Quando chegámos lá, contudo, vimos, pela janela, os móveis da cozinha a serem consumidos por chamas.

- Cruzes .Chiques!! - gritámos, e corremos para lá o mais rápido possível.

Lá dentro encontramos a Sílvia a tentar apagar as chamas com um balde, arremessando àgua para cima dos móveis. Contudo, o fogo estava descontrolado. Lembro-me até de sentir uma chama roçar-me o cabelo .Chique.

- Ajudem-me! Kuni! - berrou ela, e a Bá correu até ao quintal para ir buscar a mangueira. Eu segui-a, claro.

Segui as instruções da Bá e esperei junto da manivela até que ela entrasse na cozinha, cada vez mais quente.

- Agora, Fi! - gritou ela, e eu puxei a manivela rapidamente. A mangueira, de imediato, lançou um jarro de água por toda a divisão e, por pouco, a Bá não conseguiu controlá-la. Cinco minutos depois, o fogo estava extinto.

- Desculpem... - chorava a Sílvia.
- Viste o que fizeste? Custava muito tomares conta de um simples perú?? Agora vou ter uma despesa enorme!!
- Calma, Bá! - disse eu.
- CALMA? Olha, eu nem quero imaginar quando o António vir isto!
- Ele não tem de saber. - disse eu, e sorri, já com uma ideia em mente.

Eram nove horas e estavam já lá dois carpinteiros que eu un-.Chiquemente conheço, tratando do assunto. Prometiam ter o material necessário para remodelar aquela cozinha até à meia-noite, hora da chegada do António. E, melhor: era grátis, pois eles deviam-me um favor (longa história, talvez quem sabe para outra postagem?). Mais descansadas, deixamos uma Sílvia agarrada ao frasco onde estava o seu gato morto a vigiar os dois homens e fomos buscar a Fafa ao restaurante.
Estacionámos lá em frente e conseguimos vê-la a sorrir para o Veterinário, que sorria também. Tentámos fazer sinais gestuais, mas ela não nos via. Peguei no meu telemóvel e liguei-lhe.

- Já estamos à tua espera! - berrei.
- Ah, olá! Já me esquecia, quase. Calma, galdérias, já estou a ir. - desligou-me ela, e vimo-la despedir-se do Veterinário com um beijo no canto da boca.

- Como correu? - perguntei, e ela contou-nos todos os pormenores enquanto a Bá conduzia em direcção à empresa do marido da Fafa.

Ao que parece, o Veterinário não se importou muito com o facto de eu não ter ido. E ele e a Fafa deram-se muito bem, pelo que ela contou. Riram-se, e tinham muitas coisas em comum. Mas isto dizia ela sempre, e os casos não duravam mais que um mês. A ver vamos. Chegámos à empresa e estacionámos perto do carro dele, à espera.
Uma hora depois, cansadas de esperar, saímos do carro em direcção à portaria.

- Que vamos fazer, Fá? - perguntei eu, caminhando abraçada à Bá, ainda cheia de frio.
- Deixem comigo.

A Fafa avançou em frente e, depois de se exibir em frente ao porteiro, conseguiu as chaves dele.

- Liga-me, gato. - Disse ela, e chamou-nos para irmos com ela.

Avançámos pelos corredores do edifício e subimos vários lances de escadas até chegarmos ao piso onde o gabinete do marido dela, José, trabalhava. Uma vez lá, em frente à porta, parámos, ouvindo vozes do interior.

- Ela é uma porca. Ainda noutro dia eu a vi no café com o jardineiro, eles os dois a namorarem. Claro que tirei fotografias, ora vê. Nem sei como te meteste com uma mulher destas... sorte é que me tens a mim, amor. Ela nem perde pela demora... - ouvíamos uma voz feminina, que me parecia familiar.
- Lu?!!! - berrou a Fafa, nesse momento, pontapeando a porta.

Lembro-me de, ao ouvir aquilo, trocar olhares chocados com a Bá. Depois, olhei em frente, e vi juntamente com elas Lu, irmã da Fafa, sentada sobre a mesa, beijando José. Ao notarem a nossa presença, os dois ficaram sem reacção, fitando uma Fafa a emanar raiva por todos os lados.

- Sua... - disse ela, e atirou-se à irmã instantaneamente. As duas começaram a rebolar no chão, enquanto que Fafa lhe puxava os cabelos e a outra se tentava libertar. - Como me pudeste fazer isto?? À tua própria irmã?! - disse a Fafa, rasgando, selvagem, o seu vestido. - Como pudeste?!

Nesse instante, contudo, José levantou-se para ajudar Lu. Agarrou na Fafa e tentou afastá-la da irmã. Não, nós não íamos permitir isto. A Fá precisava de nós.

- Vai por esse lado. - sussurrei para Bá, e as duas fomos em direcção ao marido, para o atacar. Acabámos por cair em cima dele, em cima do seu corpo semi-obeso, e usámos toda a nossa força .Chique para o manter ali no chão, enquanto que a Fafa tomava conta da irmã. É então que os guardas da empresa chegam e, sendo eles meia-dúzia, nos separam e fazem queixa de nós à polícia. Duas horas depois, estávamos as três na prisão, numa cela imunda cheia de ratazanas.

- Socorro .Chique... - murmurei eu, vendo um recluso a cuspir na parede.
- Meu Deus, que fomos fazer? - disse a Bá.
- Desculpem, amigas.

Então, nesse momento, vemos António, acompanhado por um guarda, aproximar-se da cela.

- Este senhor pagou-vos a fiança. Podem ir.

Nós não podíamos ter ficado mais felizes. Saltámos para cima de António e agradecemos-lhe o seu gesto. Fomos, então, para casa da Bá, onde íamos passar o resto da noite. Felizes, fomos a ouvir rádio e a cantarolar, relatando todos os detalhes a António. Quando chegámos à casa de Bá, contudo, chocámo-nos ao ver Sílvia enrolada com um desconhecido no sofá.

- Que é isto?!! - berrou a Bá, e os dois caíram ao chão, assustados.
- Este... este é o Rui. - respondeu a Sílvia, levantando-se.

Sentámo-nos nos sofás e ficámos todos a falar o resto da noite. Não havia necessidade para discussões, naquele momento. Contudo, o futuro preocupa-me...

Beijos .Chiques!!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Sem saber o que fazer, .Chiquemente!!

Olá, chiques leitores! Pois é, leram bem, estou num .Dilema. Conto-vos tudo, claro, como poderia nao o fazer?

Bem, como devem saber, eu ontem ia jantar com o meu marido, o Viti, apesar de ter recebido uma proposta para sair, com o veterinário do ConiPiçi. Claro que não ia sair com ele, qual mulher casada e respeitável que sou. O meu marido esperava-me, .Chique e sensual como sempre foi. Apesar de já ter 50, ninguém lhe daria mais de 48. E lá fui eu, depois de umas horas na casa de banho, para o restaurante mais .Chique de Cascais, de nome "Flores Brancas, Gravata Azul".

Cheguei lá e esgueirei-me pela multidão até a uma mesa perto da janela, como sempre faço, para poder observar a paisagem. Sentei-me e comecei a esperar, ainda faltavam uns minutos para a hora confirmada. E esperei. Esperei, esperei. Pedi vinho. Bebi, e esperei. Até que, uma hora depois, olhei em volta. O restaurante, animado, e eu ali. Sozinha. Liguei ao Viti mas não me atendeu. Tinha o telemóvel desligado, na verdade. Então, pedi a conta e, mal saí do restaurante, marquei o número do veterinário.

- A sua proposta ainda está de pé? - disse, nervosa.
- Claro que sim, Filipa. - respondeu-me ele. Como sabia o meu nome? Indignada, combinei um ponto de encontro, a fonte no centro de Cascais.

Cheguei lá e esperei um pouco, sentada. Estava frio. Até que vejo um carro preto, um Opel que emanava sensualidade. O vidro começou a baixar-se, lentamente, e é aí que vejo um homem muitíssimo atraente a sorrir-me. Corei, mas tentei esconder o nervosismo.

- Boa-noite. - disse-me ele, observando-me a sorrir. Nessa altura, dei graças a Deus por ter passado tanto tempo a arranjar-me.
- Boa-noite. - avancei, confiante, e entrei no carro. Contudo, ao sentar-me, o vestido ficou preso na porta. Sorri e tentei desprender-me, sem sucesso! Meu Deus, estava mais vermelha que uma vagina. Olhei para o lado, mas ele já havia saído para me ajudar. Ele abriu a porta com os braços musculados (mas não muito, ew .Chique) e eu agradeci.
- Vamos? - disse-me ele, e acelerou.

Levou-me para casa dele. Sim, dá para acreditar? Casa dele. E eu, Fifi, ao ver que não íamos para um local público, berrei, antes de sair do carro.
- Mas que é isto? A minha chiquesa não vai sair daqui!
- Hum... tenho chocolate e cd's do Rod Stewart em casa, à nossa espera.

Com aquelas palavras, convenceu-me. Eu amo Rod Stewart, enfim, todos sabem disso. Saí do carro e acompanhei-o ao seu apartamento. Lá, sentei-me no sofá, ainda meia envergonhada.

- Então, posso fazer uma pergunta?
- Pode. - respondi, pegando no copo de vinho que ele me trazia.
- Porque decidiu aceitar o meu convite?
- E porque lhe espanta que tenha aceite? Preferia que não o tivesse feito?
- Não... é só que...
- Então ponha-me mas é música enquanto eu vou à casa-de-banho, estou aflita. - menti. A verdade é que toda aquela aproximação me deixava .Un-chiquemente nervosa. Ali estava eu, na casa de um desconhecido. Tinha de ligar a Viti.

Na casa-de-banho, incrivelmente bem limpa e perfumada, peguei no telemóvel .Chique e vi que tinha não uma, mas várias chamadas de Viti. Liguei-lhe, claro.

- Muito obrigado, Filipa, por me deixares pendurado.
- Desculpa? Tu é que me deixaste pendurada, eu nunca faria uma coisa .Un-chique dessas!
- Olha, podes vir cá abaixo? Eu segui-vos... - disse ele, e o meu coração quase rebentava.
- QUÊ?! - berrei, olhando pela janela.

E não é que ele estava mesmo lá? Envergonhada, fugi para a sala. Não fui ter com Viti na hora seguinte, com medo.

- Pode ficar aqui, se quiser. - disse-me o veterinário.

Tentador, não? Pois... mas não fiquei. Lá acabei por descer, para os braços do meu marido. Viti, contudo, não me falou mais durante a noite toda. Hoje de manhã, fazia eu torradas, quando ele vem discutir.

- Que querias tu?! Fiquei uma hora à tua espera! E que ideia foi essa de me seguires?! Nunca te fui infiel. Nunca, nunca. Tu? Tu, já. Eu perdoei-te, não perdoei? E agora tu andas-me a seguir?! Cada vez me desiludes mais! - disse, e fugi para o exterior de casa. Dei-me por contente por já estar vestida com o fato-de-treino rosa-choque/.Chique.
- Filipa, espera! - berrava ele, perseguindo-me pelo quintal.
- Deixa-me, Viti! - disse eu, e fugi para casa da Fafa.

Lá, qual drama queen que fui (odeio quando sou fraca), a Fafa e Bázita consolaram-me. Estivemos, as três, a comer chocolates, pipocas, enfim, coisas que só nos fazem mal e a ver comédias românticas. A falar mal dos homens. No final da tarde, saí de lá mais feliz, nada como uma tarde passada com elas!! Enfim... o Viti ainda não voltou. A Fa pediu-me o número do veterinário mas eu não lhe dei, contudo, não sei por que motivo, mas disse-lhe que não o apontei.
- Estás interessada nele, sua...! - disse ela.
- Não estou...!
- Deixa lá, Fi. Não tem mal estares. - disse a Bá. - Afinal de contas, o Viti não tem sido um bom marido para ti.

Quanto ao Viti, ainda não voltou do trabalho. Estou aqui com o meu cão, estou a falar com ele. Sim, riam-se! Enfim... vou dormir, ou tentar. Até amanhã, com chiquesa.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mais flores .Chiques!!!

Olá, chiques!
A Fifi poupou-me trabalho, pelo que li, de relatar a chegada da querida Sílvia. Ela é um pouco excêntrica, sim, mas é uma rapariga querida. Gosta de animais, como eu, e é insegura.
Bem, deixando de falar nela, voltemos ao assunto do meu último post. Tenho novidades:
Hoje recebi outro ramo, de forma esquisita também. Recebi uma encomenda em casa, assinei, abri. O que era? Uma garrafa de champagne! O homem da entrega fugiu un-chiquemente logo depois de eu assinar... continua a ser a pessoa mistério. Guardei a garrafa. Sentei-me, bebi um café, e não resisti a ir buscar a garrafa outra vez! E que bem que fui, porque dei conta que no seu fundo continha um autocolante com a palavra "cama". De imediato corri para a minha cama, olhei e não vi nada. Remexi tudo e nada vi. Não... não ia un-chiquemente tocar com os meus joelhos no chão e espreitar por baixo da minha cama... ou ia. Baixei-me, olhei e vi o chão repleto de rosas cor-de-rosa! Parecia um lindo tapete... Deitei-me no chão e rastejei até às rosas, procurando mais um cartão. Procurei, procurei, e encontrei. Saí de baixo da cama, e bah, estava cheia de pó. A minha empregada vai ver... quando a apanhar...!
Sentei-me na cama, abri o mini-envelope e li "na Torre". Hum, torre? Que vago...! Há tantas torres. Mas esta pessoa estará numa torre. Mas quando? Qual? Porque estará lá? Deverei lá ir?
Bem, que dilema chique / un-chique. Mas, não vou fazer nada. Esperarei pelo próximo cartão.

Falando outra vez da Sílvia, eu encontrei um teste de gravidez na mala dela. Esperemos que não esteja grávida, senão vai ser complicado.

Enfim, beijos chiques!

Despedida

Olá meus queridos!

Encontro-me nas Bahamas! Chiquee!

Peço desculpa desta minha ausência mas deve-se ao facto de eu estar com imensos problemas, un.chiques!

Tudo começou quando eu ia a sair de casa e deparei-me com uma coisa, como é que se diz na vossa linguagem, hum, um pedinte, incrivelmente un.chique!

Ele queria levar a minha mala Louis Viton, comprada nas férias passadas em York. Mas lá dentro eu tinha um caché altíssimo pois ia depositar no banco para enviar à minha querida filha, felizmente o Sr. Carlos Madeira dos Santos veio em meu socorro e afastou aquela coisa de mim. Este Sr. Carlos é um homem adorável, gerente da Massimo Dutti e claro, vem de famílias numerosas.

No dia seguinte fui ao Holmes Place ter a minha prestigiosa aula de Ioga, mas tinha-me esquecido das minhas sapatilhas D&G no carro, então liguei logo ao Matos (meu motorista) para me trazer as coisas, mas este estava no hospital pois tinha tido um acidente. Coitado, partiu duas costelas e um braço. Tenho pena do moço, mas também com a gorjeta que lhe deixei já dá para recuperar desse trauma.

Que mais hei-de contar!?

A minha filhota quer adoptar uma child lá com a sua namorada. Espero que tenham o bom gosto e bom senso de escolher uma child bonita, chique e parecida aqui com a vóvó Lulu Vasconcelos! Poderia se chamar Fifi Vasconcelos em honra da minha amável amiga Chique!

Estão como imaginam a netinha da vossa Lulu? Child chiqueee! Só roupinhas como as das socialites! Colégios particulares pois assim pode evitar o contacto com aquelas parasitas un.chiques, se é que me percebem!

Enfim.

Como disse aqui no início, estou nas Bahamas pois decidi esquecer-me um pouco dos meus problemas un.chiques e vim fazer um cruzeiro. Quando a viajem estava quase no fim conheci o dono deste chique Iate onde estava instalada e começamos a jantar e a ter conversas mas ‘callientes’ Entretanto ele fez-me um convite para ser a sua companheira de viagens. No início fiquei seriamente com dúvidas pois não iria estar tão presente na vida das minhas amigas chiques (única coisa que cá me prendia devido ao seu grau de importância), mas coloquei a minha felicidade em 1º lugar. Sempre adorei viagens e conhecer novos Mundos. Fico triste de não poder estar tantas vezes com as chiques mas sei que eles ficam bem entregues entre si. Tenho imensas saudades dos nossos chás das 5 e espero que um dia possamos continuar com eles, até lá, deixarei de cá escrever pois acho que este espacinho já não me pertence (ponderei bem e não voltarei com a palavra atrás).

Beijinho na face direita e muitas felicidades (lágrimas).

Com muita saudade,

Lulu Vasconcelos

Uma ida .Chique ao Supermercado

Olá .Chiques leitores! Daqui Fifi, excitadíssima e com algumas novidades para vos relatar! Pois bem, hoje de manhã, acordei a cheirar o hálito .Chique do meu marido, o Viti, que me olhava ternamente.

- Que estás a fazer? - pergunto.
- Nada, só a olhar para ti.
- Logo vamos jantar fora, certo?
- Claro. - disse-me ele, e depois de uns beijos (calorosos, uff), desci as escadas da minha mansão até à cozinha. Tomava o pequeno-almoço quando recebo uma chamada de uma das minhas empregadas, a dizer que estava doente e que não viria ao trabalho. Resultado: tinha eu de ir, pela primeira vez em 10-15 anos ao supermercado. Escusado será dizer que a ideia por si só me trouxe lágrimas aos olhos.

- Que se passa? - Viti descia as escadas.
- Vou ter que ir às compras! - berrei.
- É melhor despachares-te, o leite acabou. - disse-me ele, friamente.

Meia-hora depois, conduzia .Chiquemente por Cascais. Chovia. Estacionei perto do supermercado e, confiante, enxuguei as lágrimas. "Eu consigo", dizia para mim, enquanto pegava no carrinho-das-compras.

- Quer ajuda? - perguntou uma funcionária.
- Tenho ar de quem quer ajuda?! - berrei, e corri com chiquesa para a secção dos frescos.

Louca, selvagem, olhei para a lista de compras e apressei-me a enfiar as coisas para o carrinho, sem olhar a preços. Quando cheguei à caixa, minutos depois, o carrinho abarrotava. A funcionária, jovem e carregada de maquilhagem, ficou felicíssima ao ver aquilo.
- São 140 euros. - disse ela, a sorrir, e aí reparei: tinha-me esquecido da carteira em casa.

.Choque: que iria fazer? Olhei em volta, desesperada. Remexi os bolsos.
- Precisa de ajuda? - perguntou uma voz masculina, grossa, atrás de mim. Voltei-me e eis que vejo o veterinário que nos ajudara há dias, com o ConiPiçi.
- Olá... - disse, estranha e .Un-chiquemente nervosa.
- Senhora? - disse a funcionária, interrompendo a nossa troca de olhares.
- Pois... esqueci-me da carteira em casa...!
- Não faz mal, eu pago. - disse ele. - E dou-lhe boleia, pode ser?
Agradeci e sorri, pensando nos motivos que o levavam a ser tão gentil para comigo. Fomos, no carro dele, até minha casa (eu depois vou buscar o meu, mais logo). Durante a viagem, falámos .Chiquemente de mim, da zona onde eu morava, dele. Descobri que somos vizinhos (ele mora em Cascais e toda a gente sabe que em Cascais todos nos tratamos como vizinhos que somos) e que ele aprecia muito música clássica, como eu. Quando chegámos a casa, ajudou-me a levar as compras lá dentro. Ofereci-lhe um café, coisa que ele recusou.

- Preferia ir tomar um consigo mais logo à noite. - disse ele, fazendo-me corar. - Que me diz?
Eu, claro, fiquei sem reacção. Um homem, mais novo, vintão, a convidar-me a sair? Adultério, comigo? Não, claro, ia recusar, quando ele diz: - Não precisa de responder agora. Aqui está o meu número. - disse, e escreveu-o num papel. - Ligue-me, sim?

Saiu de casa e aqui estou eu, confusa. Claro que não lhe vou ligar, vou antes dar o número à Fafa, ela de certeza que vai adorar a ideia! Bem, vou mas é arranjar-me, um jantar romântico com o Viti espera-me!

Beijos!!

domingo, 18 de novembro de 2007

Townsend: o novo Bar .Chique

Boa-noite, cariocas! Sim, sou eu, a vossa .Chique mais atrevida do país, Fafa Carreira! Estava eu a suspirar por não ter um lugar .Chique e .Fashion para eu e as minhas amigas Ba e Fifi irmos até que, quando vejo no correio um folheto cor púrpura, como eu adoro, a noticiar a abertura de um novo bar / pub: Townsend. E qual era a tagline?, perguntam-se vocês. "Todos os chiques vêm parar a Townsend". Amei, simplesmente. Vou ver se eu hoje à noite vou com a Bá, a Fifi, e aquela cadela domesticada, Sílvia, para lá. Engatarei alguém, prometo! Agora vá, beijo com .Glamour para toda a cidade de Cascais (e os meus leitores, obviamente).

sábado, 17 de novembro de 2007

Uma Adolescente Asiaticamente .Un-Chique

Eu, Fifi, nem sei como a Bá se esqueceu de referir pessoa mais insólita que acabou de chegar (inesperadamente) às nossas vidas, no seu post de hoje. O seu nome é Sílvia Monteiro e revelou-se, de facto, uma criatura, além de .Un-chique, muitíssimo adolescente e problemática.
Provavelmente, já a conhecem devido ao seu blog. A sua mentalidade, do ponto de vista .Chique que sempre adopto, é rude e imprevisível. A sua maquilhagem? Irritantemente colorida. Pois bem, deixem-me começar pelo início.

1- A Chegada

A Bá havia-nos contado, há dias, a mais recente loucura do seu filho: querer ir estudar para a peçonhenta cidade do Porto (que romances adolescentes eu vivi lá, devo mencionar). E não é que ele levou a ideia avante? Sim, chiques leitores, levou. E, para isso, trocou de casas com uma desconhecida, desesperado por não ter dinheiro para pagar a renda (rejeitou o dinheiro da mãe, coisa que fez a Bá chorar durante uma noite inteira, em minha casa). Essa desconhecida, como soubemos ontem, era afinal a asiática Sílvia, que chegou aqui carregada de malas previamente compradas na feira, num comboio empestado de gente suada (lá não me apanhavam, nem .Morta, como imaginam). A pedido da Bá, eu e Fafa fomos lá recebê-la, sujeitando as nossas roupas engomadas pelas nossas empregadas ao pó e ao lixo existentes na central de comboios, que mais parecia ser situada na lixeira de Cascais.

Estávamos nós as três, sentadas de perna cruzada, num dos bancos, com os óculos-de-sol .Chiquemente postos, apesar de já ser noite, quando o comboio chega e, imediatamente, uma cambada de gente (ou, direi, animais?) sai do meio de transporte, atropelando-se. É então que ouvimos um berro: "Kunichiwa??! ConiPiçi????????????!!"
Olhámos, assustadas, para o lado e vimos uma asiática a olhar para o chão, onde um gato malhado jazia, esmagado por uma das suas malas. Ela apressou-se a ajudá-lo, contudo, ao fazê-lo, deixou cair o resto das malas, uma delas caindo em cima do animal. "Ajudem-me!", berrou, e a Bá não se demorou a chamar o 112.

Apesar dos esforços do veterinário (atraente, vintão, sexy), o animal não sobreviveu. Foi na clínica que pudemos apreciar melhor Sílvia, enquanto esperávamos notícias sobre o estado do animal. Ela estava sempre a andar às voltas, a ouvir músicas como "Music is My Hot, Hot Sex" (apenas a identificámos pois a Bá disse que o seu filho ouvia muito), "Stars Are Blind", enfim, lixo adolescente que nós, .Chiques, recusamos ouvir; os seus braços estavam cheios de pulseiras; a sua roupa, além de sugestiva, estava suja, marcada pelo suor. Credo, pensam vocês. Socorro!, berrou Sílvia ao saber que o seu gato tinha falecido. Depois dos choros habituais, levámo-la para casa da Bá, onde as quatro ficámos a noite a conversar.

2- As Confusões

Nessa noite, ninguém dormiu. Excepto, claro, a Fafa, que encontrámos, às 4 e meia da manhã, meia-hora depois de ela dizer que ia buscar vinho ao frigorífico, na cozinha, enroscada com o cão da Bá e a fumar um cigarro.
- Fá?
- Oi Sexy. Bá, o teu cão... Meu Deus .Chiquérrimo!
- Kunichiwa? Swminy? - dizia Sílvia. Não me perguntem o significado de tais palavras, pois desconheço.
- O que fizeste tu ao meu cão?? - berrava Bá, aterrorizada.
- Calma, ó sua pobretanas! Apenas dizia que ele é um bom ouvinte, adorou as minhas confissões sexuais.
- Já bebeste demais. - disse eu, e levei-a para longe do pobre animal, que parecia perturbado.
Minutos depois, a Sílvia decidiu dirigir-se à casa-de-banho, pois estava, e citando-a, "quase a explodir". Estávamos as três a comentar sobre ela quando ouvimos um grito estridente e feminino do andar de cima. Corremos para lá e encontrámos, no corredor, o marido de Bá nu, em frente a Sílvia, aterrorizada.
- António? Que fazes assim, a estas horas? - perguntou a Bá.
- Vinha à casa-de-banho e encontrei esta aqui... Desculpa, amor.
Sílvia, fragilizada por ver pela primeira vez o orgão reprodutor masculino (segundo me contou horas depois), em circunstâncias tão dramáticas, fugiu como uma lebre para o exterior da casa. Corremos atrás dela, gritando palavras que desconhecíamos, supostamente pertencentes ao dicionário da língua japonesa. E eis que a ouvir "Sexwá", ela parou.


3- A Mudança De Casa

Passámos mais algumas horas na casa de Bá, a ajudar Sílvia a instalar-se. Ela lá ficou. Hoje de manhã, quando fui ao quarto dela, encontrei o seu gato num frasco.
- É para nunca me esquecer dele. - disse-nos Sílvia.
Bem, o certo é que esta jovem tem algo de estranho... Espero que a Bá não se arrependa de a receber em casa. Tenho a ligeira e .Chique impressão de que sim, contudo.

Beijos Fifi's!

Mistério .Chique

Um olá cheio de mistério.
Sim, o mistério paira no ar. Porque? A Bá conta:

Hoje dei folga aos meus empregados, o meu marido está em Londres, estava sozinha em casa. O que resolvi fazer? Dormir até às tantas chiques. Mas o meu sono foi interrompido por uma enorme pedra que me partiu o vidro da janela do meu quarto. Com um grito levantei-me da cama e escondi-me no armário. O que seria?? Estariam a assaltar-me un-chiquemente a casa?? Não, eu não ia ficar ali parada... sou uma chique mulher ou um rato? Abri a porta do armário, com uma cruzeta na mão e, pé ante pé, aproximei-me da janela. Ao olhar para o chão, repleto de vidros pequenos, reparei que não tinha sido só uma pedra a entrar no meu quarto... mas um lindo e enorme ramo de flores também. Rosas vermelhas, as minhas preferidas. Eram 41 rosas, eu tenho 41 anos. Quem mas atirou bruscamente para o quarto sabia algumas coisas sobre mim... Isto foi excitantemente aterrador.
Fechei as persianas, não se fossem lembrar de atirar mais alguma coisa (desta vez mais perigosa) e sentei-me na cama. O que havia para fazer? Nada. Não tinha pistas, apenas num ramo.
Já que não havia nada para fazer, fui até à cozinha e pus o ramo em água, para não murchar. Retirei o papel e... um bilhete caiu na banca. Peguei nele e li:

1
Estarei
"Estarei"? Mas quem é que envia um bilhete num ramo de flores, ainda por cima de maneira esquisita, com coisas sem sentido? "Estarei" não me diz nada...
Bem, esperarei pelo próximo sinal, porque com certeza que isto tem continuação... estarei deve ser só o inicio de uma frase. Ou quem sabe, algo mais.
Vamos lá ver, chiquemente.

Um beijo chique,

A minha aventura .Chique (Terceira - Mas não Última - Parte)

Antes de terminar esta confissão .Chique, queria agradecer a todos os leitores sem grana, como os cariocas proferem, a todos os visitantes deste espaço, do hi5, a todos os simpáticos que adicionam no messenger, a todos que me enviam mail a pedir mais partes desta confissão. Temo que seja a peúltima, tentei recordar-me de todos os pormenores para vocês precisamente gostarem. Um beijo .Glamouroso para todos.

* * *
.A minha tia

A minha tia chique chamava-se Helena, era a mais nova das três irmãs da parte maternal. Eu admirava-a tanto. Escrevia romances eróticos dos mais deslumbrantes que podiam haver e adorava dançar. Morava na parte alta de Madrid, repleta de Glamour, digo-vos. Sempre que ela voltava para Cascais, nem que fosse por uma semana, falar com ela sempre me dava um enorme prazer. A decisão do meu pai, chocante e precipitante só começou a ter reacções no dia seguinte. Os empregados riam-se quando passavam pelo meu quarto na manhã. Estava escondida debaixo dos lençóis, sem querer aparecer.

Então, totalmente despenteada, senti um peso na cama. Comecei a pontapear o peso, deveria ser um peluche que tinha caído do tecto.

- Estás-me a magoar, querida. - Era a minha tia Helena.
- Tia!

Saí de baixo dos lençóis molhada de tanto chorar com os olhos inchados. Precisava de alguém para abraçar e assim o fez. Tia e sobrinha abraçaram-se na cama desfeita. Um momento tão íntimo, tão jovial, tão... chique.

- Que foste fazer, Fá? - Vocês querem alguém mais elegante?
- Tia, eu não queria!
- Conta-me tudo...
- Foi a Luiza que me obrigou a ir a um pub horrendo e un-chique, e depois veio um daqueles homens que parecem ursos tocar-me! Ele levou-me até o carro e pronto... - Menti.

Mentir sempre me dava um nó na garganta e Helena já sabia disso e sorriu para mim.

- Sou a tua confidente. Conta-me tudo que eu guardarei segredo.

E lá lhe contei. Não era exagerado dizer, assim, que ela era a minha tia favorita.

***
.O dia da Partida

Nos dias que se seguiram atemorizava-me a ideia do aborto, achava un-chique e muito constrangedor. Mal olhava para a minha família, sobretudo para a minha irmã Luíza que parecera muito desiludida comigo (talvez por ter transado, como dizem os cariocas, mais cedo do que ela esperava). Mas pouco me importei também. Quem precisa de irmãs quando se tem um mínimo de Fashion? Mas vi que esse mínimo ia desaparecer, porque quem faz um aborto, li numa revista, perde o sentido de chiquesa mais cedo do que esperam. Estava tão assolada.

A semana passou, no dia da partida estava eu a arrumar as minhas cinco malas de pele de leopardo para a viagem quando suspirei. A minha irmã Luiza olhava-me na porta. Quando me apercebi de tal feito tentei controlar-me, e respirei fundo, numa lufada de ar chique.

- Que fazes aqui? - Perguntei.
- Ai, Fá... admiro só o que vai ser o meu quarto.

Choquei-me. A minha irmã tinha um quarto dez centímetros mais pequeno do que o meu, como podia ela dizer tamanha estupidez? Numa semana, o mais tarde, voltaria a Cascais!

- Perdoa-me? - Interroguei.
- Sim. Minha querida, achas mesmo que depois de tirares o teu filho dessa coisa repugnante vais voltar para o Glamour de Cascais?
- Tenho a certeza!

Desconhecia esta faceta de Lu. Como podia ela estar a ser tão lambisgóia?

- Pois bem, nem tentes voltar, aviso-te. - Dizia ela caminhando em passos de uma quarentona, sabem?, como sou eu, actualmente.
- Sua...!

Selvagem. É o que designa o meu comportamento na altura. Como uma gorila, saltei-lhe em cima, comecei-lhe a puxar os cabelos e dei-lhe um estalo. Luiza retribuiu com beliscões nos meus seios, oh, como doía!

Naquele preciso momento uma empregada un-chique passou pelo corredor, olhou e pôs a mão à boca de tanto se rir.

- Ó Gertrudes, anda cá ver isto! - Chamou.

Gertrudes, com o aspirador na mão, veio ao corredor e riu-se alto com aquela empregadita de baixo nível.

As duas empregadas chegaram ao chão, imaginem, ao chão da minha casa!, a soltar gargalhadas rodeadas de um hálito que só Deus sabe onde se formou. Entretanto, a minha irmã continuava a agir como uma macaca e eu a imita-la. Mas que vergonha tenho eu de estar aqui deitada na minha cama a escrever isto, a lembrar-me quão ignóbil estava a ser.

Quando as duas empregaditas se levantaram, houve uma que foi a correr a chamar pelo senhor Gregório, meu pai. Não tardou que este viesse com a minha mãe e a minha tia.

Que humilhação! Queria parar, é uma certeza chique, mas não podia, não podia deixar-me vencer por aquela ratazana do esgoto que se dizia minha irmã. É que, sabem?, quem dá a última estalada é a que ganha. E estão-me a ver com cara de un-chique perdedora? Três letras, uma palavra: não.

Eu e a minha irmã ficamos paradas, agarrando os cabelos de uma e outra, enquanto que, com lágrimas a teimarem sujar a maquilhagem, via a minha tia Helena chocada e desiludida.

- Tia...

Mas eis que, com a tristeza a voar como borboletas nos corações da família, Luíza arranca-me o coral de pérolas.

- Sua...!

Macaca. O animal que estava a ser. Belisquei-lhe o mamilo, saltei para cima da sua barriga e comecei a esganar a minha própria irmã. O meu pai, furibundo, em passos gigantes e altos, aproximou-se.

- FÁTIMA! - Gritou. Gritou com um grito poderoso. Gritou de tal maneira que ficaram todos como que petrificados. Gritou.

Ele tinha afastado cada uma e, caída no chão, olhei para as pérolas espalhadas pelo chão. Porquê sofrer mais, perguntei-me?
Levantei-me, penteei-me. Peguei no baton guardado na minha mala e pintei os lábios. Com todos de boca aberta, saí do quarto e desci as escadas da casa, enquanto a minha tia me seguia. Já com a porta aberta saí da minha residência e, antes de entrar no carro, olhei em volta (um bonito dia de sol; um bonito jardineiro a "brincar", como os un-chiques dizem, com uma empregada da cozinha atrás dos arbustos; uma galinha a voar do telhado) e, respirando fundo, disse:

- Adeus, Cascais.

***
.Despedidas

Estava na estação de comboios com a minha tia, desanimada mas confiante de que tudo iria correr bem. Sentada na cadeira, com as pernas entrecruzadas, esperava que o comboio chegasse.

- Olhó télémóble! - Gritou um muçulmano que se dirigia para minha pessoa.
- Credo, senhor.
- Num é credo! É té... repita comeigo... té-lé...
- Poupe-me.

Cheirava mal. É naquele momento que avisto duas silhuetas, elegantes, esbeltas. Bá. Fifi.

- Querida! - Gritaram em uníssono as minhas duas melhores amigas enquanto corriam para me dar um abraço. A minha tia olhou de lado.
- Darlings! - Berrei, histérica e abracei-as com lágrimas nos olhos.

Naqueles minutos passei o tempo a falar com elas, enquanto que o muçulmano un-chique nos olhava, atento. Parecia um daqueles, credo, que nos vai cuspir a qualquer momento na nossa cara tratada.

O comboio tinha chegado e tivemo-nos de despedir.

- Bá. Fifi.
- Fafa.

E choramos as três, prometendo que nunca nos separaríamos. Quando o senhor que chamava os passageiros já batia com o pé no chão eu e a minha tia entramos no comboio onde os fedorentos se dirigiam para o lado esquerdo e os chiques, para o direito. Fui, obviamente, para o direito.

Na janela via Bá e Fifi de mãos dadas a chorar, e eu esbocei um sorriso forçado, para elas não se sentirem tristes. Mas estava despedaçada por dentro.

Sentei-me, de pernas cruzadas, e já o comboio andava a uma velocidade un-chique e olhava a minha vida a passar-me à frente. Literalmente.

Joaquim estava a dizer-me adeus, do lado de fora.

***
.Terror

Após o choque passar, não sabia eu que um maior estava para vir. Quem leu os jornais do dia seguinte pode confirma-lo. Estava a passar pelo norte de Évora, onde a Natureza predominava. Do lado de fora corriam bois, vacas, galinhas, enfim, un-chiques animais. Também se viam várias montanhas onde agora pessoas denominadas como "Pastores" caminhavam pelas flores.

- Enfim...

Mas eis que o inesperado acontece! Tão rápido como um copo de cristal a partir-se, o comboio para esganiçadamente, ouço berros do outro lado do compartimento; a minha tia acorda sobressaltada; vejo uma galinha na janela.

- Socorro! - Grito.

O caos. Os un-chiques entraram assustados na minha carruagem, os chiques abrem os guarda-chuva para afasta-los. Se fosse melhor, diria que estávamos em pleno ambiente da terceira guerra mundial. Então o comboio parou.

- Saiam todos. Já! - Ordenou o motorista suadamente un-.Chique que avizinhava um acidente de comboio que ia contra uma carruagem de animais de quinta.

A minha tia, assustada, correu para a porta em andamento e saltou, com a saia a saltar-lhe como a .Chique da Monroe. Mas o seu destino não seria tão .Chique. Morreria ela?! Como iria sobreviver? Saltava também ou deixava embater com as galinhas?! .Terror