terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

A minha aventura .Chique

Olá queridos, daqui a Fátima, Fafa para os meus leitores. Venho assim a minha primeira postagem, e precisamente vou-vos contar uma experiência que nunca esqueci, memorável simplesmente. Acho imprescindível partilhar momentos tristes, alegres ou fashions convosco, coisa que nos meus 40 anos de vida que pareceram 20 tem dado para contar muita coisa.

Memorável porquê? O primeiro avanço, a primeira mais importante decisão, aquilo que chamam de relacionamento sexual / sexo / transa para os cariocas, aconteceu comigo numa noite que jamais esquecerei. Como todos o descrevem, é único, especialmente que quando se chega aos miseráveis e escassos milésimos de segundo que são ... enfim, são o que são. Mas não, isto não seria mais do que uma bela noite passada numa reles e ratada cama se não tivesse esquecido de pôr o preservativo / camisinha para os cariocas. Não me censurem, naquela altura os acompanhantes eram tesos como tudo, ou faziam uns de madeira ou punham pano, coisa repugnante. Claro que optei por tomar o risco de poder engravidar. E eis que o destino vira-se contra mim e Carolina Salgado Carreira, minha filha, nasce nove meses depois. Agora, a minha história.

19 de Dezembro de 1987. O vento uiva, faz frio como tudo. Agasalho-me para ir ao Madona's Cascais, o pub mais próximo, por ordem da minha irmã que fez uma aposta comigo. Sou uma jovem estudante de medicina; um pouco tímida que se isola a ler na varanda da casa dos pais, ou que vai comer um gelado de vez em quando com as amigas. Ir a pub era, como deu para ver, para mim um pecado. Era um pouco ingénua, é o que dá não estar informada nos anos 80 onde os hippies dançam ABBA. Tinha já ouvido falar de sexo, a minha irmã às vezes trazia amigas que comentavam o relacionamento no quarto da dita cuja, onde estava eu a espreitar na porta, mas nunca imaginei que seria naquela noite, naquela fria noite, que descobriria o sexo (o acto, claro).

Entrei, está a dar uma música jazz que homens gordos repugnantes a suar e a cheirar a porca no espeto abafam a melodia. Algumas "mulheres da vida", algumas amigas da minha mãe, conversam e fumam no canto. Decido ir para o balcão, sentando-me no meio de um casal de velhos que discutem o preço da vodka. Vem ter comigo um homem que pergunta o que quero eu e, envergonhada, abaixo a cabeça e murmuro "para já, não quero nada". Mas eis o momento que, quando o homem já se ia embora, uma voz grave e calorosa profere "arranja-lhe uma cerveja, por minha conta".

O ambiente é propício, fumo proveniente da nicotina vaporizada que julgo ser rosas a serem queimadas, espalha-se pelo pub, onde o cheiro a delito, perdição e pecado entranha-se pelas narinas daquelas pessoas imundas. Um homem, um maduro homem na casa dos quarenta, ri-se com os poucos dentes amarelos como o Sol que tinha, um sorriso mágico. Olhos protegidos por uma floresta de pêlos que faziam de sobrancelhas, olhos negros, negros como um corvo, negros como um coração quando cai em perdição. Lábios carnudos, grossos, a receberem a deliciosa e fresca cerveja preta, lábios com crosta, lábios que me deixavam cair em tentação. Ele era um homem, um homem que tinha sido o mais gentil até aquele momento, um homem que tinha-me oferecido uma cerveja, por conta dele. Seria generoso, estaria a ver-me como uma pobre coitada sem dinheiro e não como Fátima Carreira, filha de linhagem de família rica? Ou estaria ver uma jovem rapariga ingénua pronta a ser atacada? Não.. ele não poderia ser o Lobo Mau. Ele era perfeito, supremo, ele era um homem.

Aquele segundo, a pensar todas estas coisas, não me apercebi que estava a fazer uma coisa que fazia em situações humilhantes (como, por exemplo, chorar com maquilhagem)... eu estava a corar como uma porca a rir.

- Como te chamas? - o bafo dele era encantador.

Não respondi, fiquei a olhar para ele como uma lambisgóia un-chique, enfim, uma vergonha! Mas depois, ele pestanejou e vi-me obrigada a cair na real, como os cariocas dizem.

- Chamo-me... chamo-me Fá.. Fáfá. - Nunca pensaram, em cinco minutos após terem dito alguma coisa, que podiam ter dito outra?
- Fáfá... está bem. - e arrotou.

Os homens eram assim, porcos, imundos, não eram cavalheiros. Cascais era uma cidade que nunca dormia, mas para os reais cavalheiros, às oito da noite era xixi e cócó e nada de sair à noite encantar meninas. A cerveja lá chegou, seria a primeira vez a beber tamanha porcaria. O vinho do Porto, por exemplo, era a bebida que eu mais apreciava. Mas aquela cerveja preta olhava-me nos olhos, com os cantos cheios de marcas de lábios onde já os homens, os frangos do espeto, tinham posto lá a sua boca.

Bebi. O homem olhava-me, com aquele olhar, com aquele olhar mágico. Pestanejou e eu pestanejei. Foi então que, ao sabor da quente cerveja, ele pôs a sua mão suja de terra e carvão com dedos grandes e gordos no meu joelho. Um arrepio de emoção subiu-me até a espinha e forcei para não fazer movimentos bruscos. Sem saber porquê, arrastei a minha preciosa e delicada mão para expulsar a dele que me fazia peso e toquei-lhe.

Olhamos, então, um para o outro. A mão dele subiu e eu levantei-me.

- Chamo-me Joaquim.
- Chamo-me Fáfá. - não tinha gaguejado!
- Já tinhas dito o teu nome...
- Eu sei...

E rimo-nos a noite toda. Contamos piadas, bebemos cerveja. Horas passaram, sabia já a vida do homem de trás para a frente, da frente para trás, até que resolvemos sair do pub, pois já as quatro da manhã se avizinhavam.

- Queres boleia?
- Por favor.

De repente, olhei aquele homem com a camisa a querer-lhe sair do peito peludo e nojento, e vi um homem que tinha ido de porco para encantador. Estaria eu, a ficar apaixonada? Estaria eu, uma rapariga saída de um colégio de freiras, a ficar apaixonada por um homem com o dobro da minha idade? Joaquim levou-me para o seu carro, falamos durante a viajem sobre o encontro e ele levou-me para a praia. Parou junto dos rochedos, desligou o veículo.

- Isto é a praia - disse, sem querer mostrar entusiasmo, e a falar num tom de falsa surpresa.
- Sim, é a praia.

Joaquim beijou-me. Enquanto me beijava o furor do momento, obrigou-me a tornar-me selvagem, já não queria saber das porporinas, da roupa de gala, da maquilhagem, do perfume. Desapertei-lhe a camisa, toquei os seus pêlos. Desapertou-me o sutien, apalpou os meus seios. Empurrou-me para cima dele, ele teve de afastar a cadeira para não dar com o volante. E então, ele baixou as calças, eu subi para me ajeitar. E aí...

O sexo começou. O que dizer deste acto? Selvagem. Fiquei, em vinte minutos,a conhecer melhor o homem, a conhecer melhor a sua constituição, a conhecer melhor o tão famoso pelas "mulheres da vida" sexo. Sexo / relacionamento sexual / o amor / a transa. Inesquecível.

Cheguei a casa despenteada, entrei pelas traseiras e contei tudo à minha irmã. Impressionada, quis saber de tudo. E assim se passou uma semana sem ver o Joaquim, pois sempre que tentara ir ao Madona's Cascais, fui impedida pelos meus pais, que me vigiavam. Uma semana em que acordei precisamente no dia 25 de Dezembro, dia de natal e fui vomitar.

Nove meses depois, Carolina nasceu.


Continua

5 comentários:

Anônimo disse...

oiiii! so pra dizer que decidi passar aqui e encontei o blog mais chique que existe na Internet! adorei as vossas historias! continuem, beijos pra voces as 3!

Anônimo disse...

enfim... blog sobre a vida de tres mulheres desocupadas, foi assim que mo descreveram... visitei, com baixíssimas expectativas. e ainda bem que o fiz! ja estou a ficar viciada nas vossas historias e venho aqui todos os dias para ver se uma das 3 chiques mais loucas que eu conheço ja postaram! continuem! beijos!

Anônimo disse...

Fá, tudo na vida tem remédio, como o demonstrou ser uma mulher poderosa. Devia ir para os depoimentos da novela nova da SIC... "Páginas da Vida"!

Beijos para as três!

Nightmare disse...

loooooooooooool jesus eu ia-me mijando de riso
ok
nao ia
mas tinha muita piada sinceramente lol
continuem suas chiques
beijos

Anônimo disse...

Adorei a sua história, Fátima. Chamo-me Luisa Gonçalves, tenho 43 anos e sou divorciada, e sei bem o drama pelo que passou. Aos meus 24 anos ia passando por uma situação semelhante, eu após ter tido relacionamento sexual com o meu namorado, na semana que se passou tive alguns vómitos. Assustada, pensando que estava grávida, quis de imediata livrar-me do bebé, mas eis que descubro que não estou grávida.

Decidiu ter a Carolina, espero ansiosamente a segunda parte da sua história.

Um beijo grande.